NFL: Malik Nabers gravemente ferido – O «relvado» do MetLife Stadium destrói mesmo os ligamentos cruzados?

No MetLife Stadium, casa dos New York Giants e dos Jets, as lesões graves estão a acumular-se. Desde o início de 2020, já ocorreram 15 rupturas de ligamentos cruzados ou tendões de Aquiles no campo. Será mera coincidência ou há algo mais por trás disso?

Segundo quarto entre o New York Giants e o Los Angeles Chargers. Jaxson Dart lança um passe longo ao longo da linha lateral direita – uma jogada livre, depois de a linha defensiva do Chargers ter saltado para fora de jogo – na direção de Malik Nabers. Mas ao saltar para apanhar a bola, que acabou por não ser alcançada, a sua perna direita pareceu dobrar-se.

Nabers ficou caído na linha de 7 jardas dos Chargers, 6:12 minutos antes do intervalo. Ele imediatamente agarrou a perna direita, foi examinado por vários minutos e, finalmente, retirado do campo num carrinho.

Pouco depois do final do jogo, ficou claro: o recebedor do segundo ano sofreu uma ruptura do ligamento cruzado, o que significa o fim da temporada para Nabers.

Não é a primeira vez que um jogador de futebol americano sofre uma lesão grave no estádio dos Jets e Giants, o que significa o fim da temporada. Desde 2020, ocorreram 15 rupturas do ligamento cruzado e do tendão de Aquiles, incluindo grandes estrelas como Nick Bosa (2020), Jabrill Peppers (2021), Kyle Fuller (2022), Aaron Rodgers (2023) e, nesta temporada, Malik Nabers.

Outros estádios também registraram várias lesões nos ligamentos cruzados e no tendão de Aquiles desde 2020: cinco casos no Ford Field, em Detroit, seis no Bank of America Stadium, em Charlotte, e outros seis no Cleveland Browns Stadium. Todas essas arenas têm relva artificial.

A avaliação médica é claramente contra o «turf»

Brian Feeley, ortopedista da Universidade da Califórnia em São Francisco e diretor de medicina desportiva e cirurgia do ombro, explicou numa entrevista: «As lesões mais comuns no nosso estudo, tanto em relva artificial como em relva natural, foram rupturas do ligamento cruzado.»

«No relvado artificial, ocorreram estatisticamente mais lesões no ligamento cruzado que exigiram cirurgia do que no relvado natural. As lesões no tendão de Aquiles foram a segunda causa mais frequente de cirurgias – e também ocorreram com mais frequência no relvado artificial.»

A conclusão final de Feeley é clara: «É importante reconhecer o risco acrescido de lesões nos membros inferiores em campos de relva artificial, especialmente no caso de lesões graves que implicam longos períodos de indisponibilidade. Isto foi demonstrado pelo nosso estudo, bem como por outros estudos no futebol americano e noutros desportos, incluindo o futebol profissional. As equipas desportivas devem continuar a procurar formas de reduzir o risco de lesões.»

NFL: os perigos do relvado artificial

Alguns pontos centrais ilustram os perigos do relvado artificial: no relvado natural, o solo cede – os pitões penetram, a relva e a terra rasgam-se e parte da energia cinética é amortecida. O relvado artificial, por outro lado, é mais duro, mais uniforme e menos flexível. Isso faz com que forças mais fortes atuem diretamente nas articulações, tendões e ligamentos.

Outro problema é o chamado «efeito de aderência»: no relvado artificial, os sapatos ficam presos com mais frequência. Em mudanças rápidas de direção ou aterragens infelizes, o pé pode ficar preso, enquanto o joelho ou o tornozelo continuam a girar – o que aumenta o risco de lesões nos ligamentos cruzados e no tornozelo.

Além disso, há o forte aquecimento: no verão, o relvado artificial costuma aquecer mais de 20 graus a mais do que o relvado natural. Essa temperatura extrema sobrecarrega ainda mais os músculos e tendões, que se cansam mais rapidamente e ficam mais suscetíveis a lesões.

A perceção dos jogadores também desempenha um papel importante: muitos profissionais relatam que as suas pernas ficam mais pesadas e doloridas após jogos em relva artificial. É por isso que a associação de jogadores NFLPA  vem exigindo há anos que a relva artificial seja substituída pela relva natural.

Por que razão a NFL se recusa tanto a usar relva natural?

A relva artificial traz vantagens económicas e organizacionais claras para a NFL. Muitos estádios são usados não só para futebol americano, mas também para concertos e outros eventos. Enquanto a relva natural precisa de ser renovada com frequência após tais esforços, a relva artificial resiste melhor a esse desgaste.

Além disso, a relva natural tem custos de manutenção significativamente mais elevados: precisa de ser regada, arejada e reparada regularmente, enquanto a relva artificial é relativamente fácil de manter. As condições climáticas também desempenham um papel importante, pois em algumas regiões a relva quase não cresce no inverno, pelo que a relva artificial garante uma superfície de jogo consistente.

Além disso, ele sempre parece impecável na televisão e oferece uma aparência consistente para as transmissões. Muitas arenas também foram construídas ou modernizadas por bilhões de dólares — incluindo relva artificial como padrão —, de modo que uma conversão para relva natural exigiria investimentos.

Por que razão as lesões são mais frequentes no MetLife?

Um fator essencial é a dupla utilização pelo New York Giants e pelo New York Jets, o que causa um desgaste particularmente elevado do campo.

Embora se trate de relva artificial, a qualidade do revestimento pode ser afetada pela grande quantidade de jogos e treinos. Além disso, há a percepção dos jogadores: várias lesões de destaque no MetLife reforçaram a impressão de que o estádio é particularmente perigoso, o que pode deixar os atletas ainda mais inseguros.

Esta combinação de utilização intensiva, revestimento especial e uma acumulação invulgar de lesões explica por que razão este estádio em particular está tão em destaque.

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2 meses ago
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